conheça o protocolo spikes e como ele ajuda a relação entre médico e paciente

Protocolo SPIKES: conheça estratégias necessárias para comunicar más notícias

Comunicar más notícias é um desafio para quem trabalha na área da saúde. É o tipo de informação que não pode ser dada de qualquer jeito ou friamente, ainda que esse tipo de situação seja corriqueira. Para evitar que isso aconteça, existe o protocolo SPIKES.

Entenda porque ele existe, como é feito e a importância de ser aplicado com pacientes em quadro grave, sobretudo na oncologia. Confira no artigo! 

O que é o protocolo SPIKES?

O protocolo SPIKES é uma metodologia que reúne seis boas práticas na hora de comunicar más notícias ao paciente. Ele foi criado para deixar a comunicação entre profissionais e pacientes mais simples, clara e humanizada, por se tratarem de casos graves e/ou terminais.

Todas as áreas da prática médica podem se beneficiar do protocolo, mas é na oncologia onde ele fica mais evidente. Isso porque há a necessidade de uma abordagem mais delicada quando o assunto é diagnóstico, recidiva da doença ou início de tratamento paliativo.

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Como aplicar a metodologia?

entenda co o funciona a metodologia de comunicar mpas notícias

O protocolo SPIKES é dividido em seis etapas, cada uma delas tem a sua importância e não é recomendado pular qualquer uma delas ou mesmo reorganizar a ordem de realização. Veja abaixo o que significa cada letra da sigla e aprenda como aplicar:

  1. Planejando a entrevista (S – setting up the interview)

Todos os detalhes precisam ser planejados. Como contar a notícia, como responder, onde será realizada a entrevista e uma estimativa para a duração do momento. É essencial que não haja interrupções externas e que a conversa seja realizada com o máximo de privacidade.

  1. Avaliando a percepção do paciente (P – perception)

Uma vez a informação dada, é hora de perceber as reações do paciente – pelo menos neste momento. As reações são as mais variadas possíveis. Há quem fique isolado em silêncio, expressando raiva ou tristeza ou mesmo um misto de tudo isso. 

A partir da observação e do feedback do paciente, molde e corrija a informação para o pleno entendimento do quadro e alinhe todas as expectativas para a realidade do paciente.

  1. Obtendo o convite do paciente (I – invitation)

Pode ser que haja uma reação de negação da doença. É preciso ir compartilhando informação sobre as alternativas disponíveis de pouco em pouco até que se obtenha uma espécie de convite do paciente para saber mais.

Mesmo que isso não aconteça, coloque-se à disposição para esclarecer dúvidas no futuro ou quando for mais conveniente. O mesmo se aplica ao familiar que, porventura, esteja acompanhando o paciente.

  1. Dando conhecimento e informação ao paciente (K – knowledge)

A linguagem precisa ser o mais simples possível para que o entendimento seja pleno e que o paciente consiga absorver facilmente – apesar do conflito interno de emoções. 

Esse cuidado precisa ser redobrado quando estão em cena os pacientes candidatos a cuidados paliativos. A desesperança de sobrevida precisa ser aliviada ao máximo possível, focando na qualidade de vida com o tempo que se tem, no que diz respeito ao controle da dor e dos sintomas da doença.

Expressões técnicas demais, frias e duras não contribuem para o sucesso do protocolo SPIKES e, de tempos em tempos, é preciso se certificar que o paciente está entendendo os procedimentos..    

  1. Abordar as emoções dos pacientes com respostas afetivas (E – emotions):

Todas as emoções demonstradas pelo paciente precisam ser acolhidas pelo médico, afinal a má notícia é um divisor de água na vida da pessoa acometida pela doença.

Gestos e/ou frases de solidariedade são fundamentais para o entendimento sobre o caso e ainda minimizam o isolamento por parte do paciente. Cada um leva um tempo diferente para processar as informações, portanto qualquer reação por parte dele, nesse momento, deve ser encarada com normalidade.

  1. Estratégia e resumo (S – strategy and summary):

Independentemente se a via de tratamento é curativa ou paliativa, sempre pergunte se o paciente está pronto para prosseguir com a conversa. Ainda que a segunda via seja motivo de revolta e desespero, foque em explicar a eficácia para uma melhor qualidade de vida que os cuidados vão trazer para o quadro.

Ainda que as informações tenham efeito negativo, dados importantes sobre o quadro não devem ser mantidos em sigilo, exceto se for uma vontade expressa dele. Por outro lado, revelar tudo sem a mínima preocupação com a linguagem e sem oferecer o suporte necessário pode ter consequências tão graves quanto as causadas pela omissão de fatos. 

O que você achou do artigo? Aqui, você viu que o protocolo SPIKES é a metodologia adequada para comunicar más notícias de forma clara, objetiva e, sobretudo, mais empática e humanizada. Você viu no que consiste a prática e como aplicar.